DROGADIÇÃO: AS ILUSÕES DAS DROGAS
No complexo mundo da droga assim como do sexo ambos estão inseridos em tabus os que geram muitas lendas o que permitem a elaboração de considerações extremamente errôneas.
O termo drogadição
No Dicionário Aurélio século XXI, tem a seguinte explicação:
"Adicto" vem do lat. Addictu é um adjetivo, que significa
1) Afeiçoado, dedicado, apegado.
2) Adjunto, adstrito, dependente.
3) Em medicina é quem não consegue abandonar um hábito nocivo, mormente de álcool e drogas, por motivos fisiológicos ou psicológicos. Daí vem à expressão de indivíduo adicto
O termo drogadicto é preferido por alguns autores ao de toxicômano que seria o usuário de tóxico + mania, que em psiquiatria mania é uma síndrome mental caracterizada por exaltação eufórica do humor, excitação psíquica, hiperatividade, insônia, etc., e, em certos casos, agitação motora em grau variável ou uma das duas fases alternativas da psicose maníaco-depressiva, psicopatia que se manifesta por acessos, que se alternam, de excitação psíquica e de depressão psíquica, como por exemplo, a psicose canábica causada pelo uso prolongado de maconha. Em resumo define que se trata de pessoa propensa e apegada à droga, enquanto que "drogadicto é mais elucidativo e define quem passa a viver em função do tóxico em (condição de escravo dependente)"
O drogadicto nega suas dificuldades, porque a sua dependência o faz acreditar que o objeto provocador de suas manifestações comportamentais anômalas é a droga que está fora de sua identidade e não dentro dele. A considera como objeto que elegeu como o faz o desportista que escolhe uma modalidade esportiva.
A droga passa a ser um agente de todas as suas atividades e a única que passa a confiar na sua relação com o mundo, tornando-se em conseqüência um escravo (dependente) do tóxico.
Quando se inicia a dependência por ser um drogadicto, vive somente através das drogas e em razão dela. Perde o afeto que o une as pessoas de seu círculo e a transfere para a droga.
Aos poucos vai se fechando num mundo restrito de pessoas que usam droga, criando uma falsa concepção de que todos tanto os de dentro como os de fora do grupo são usuários.
"Síndrome de Popeye"
Especialistas em drogadição destacando-se Eduardo Kalina criaram a designação de Síndrome de Popeye.
Quando um personagem de ficção chega a ter êxito passa a ser um ídolo como foi o caso de Popeye o Marujo, o que significa que de uma ou outra forma canaliza, através de mecanismos de identificação projetiva de massa, uma fantasia que atinge de forma global uma multidão de fãs.
No caso do Popeye o Marujo passamos a viver através de nossas fantasias uma onipotência latente.
No caso do Popeye o Marujo o fascinado pela fórmula mágico-onipotente de comer espinafre de modo que em frações de segundos derrotava os mais terríveis facínoras pela força que adquiria na ingestão do espinafre como forma de obter as forças necessárias para realizar as suas inéditas proezas.
Na época mães de crianças resistentes para se alimentarem usavam as façanhas do Popeye para induzi-las a comerem de maneira até exagerada de espinafre.
A modalidade oral por onde entram os alimentos tem seus fundamentos psicológicos e sociais numa fase da vida, na qual o alimento oriundo do seio de sua mãe, isto é o ato da amamentação tornou-se instrumento mágico onipotente que acalmava diante das angustias da sua vida extra-uterina. Daí o fato de que crianças mal resolvidas podem fazer o uso do seio materno até a idade de seis ou mais anos, o que evidencia a mãe neste fenômeno tido como mágico-onipotente na concepção da observação externa, porém o que demonstra a mãe no ato de amamentar é uma força real representado fisicamente pelo elemento leite e emocionalmente pelo seu calor afetivo que aliviam a angustia, que não pode ser verbalizada pelo recém nascido que quando sente fome ou mesmo sem senti-la diante de qualquer sentimento de angustia choraminga para solicitar o seio materno.
A magia do personagem Popeye apela esta impressão nemônica [ligação] com o fortalecimento da memória mediante processos artificiais auxiliares, como por exemplo, a associação daquilo que deve ser memorizado com dados já conhecidos ou vividos; combinações e arranjos; imagens etc.,
Dessa forma ensina a criança no valor nutricional de grande alimento que é o leite materno
A criança entende esta linguagem não como uma mensagem emitida num código simbólico, porém em termos de uma linguajem concreta, isto é de uma equação simbólica. O objeto não representa o simbolizado, e sim é o simbolizado.
Comer espinafre na explicação da "Síndrome de Popeye", não representa a mensagem de que se alimentar bem ajuda a sermos saudáveis, mas sim comer espinafre é tornar-se imediatamente um poderoso, transformando-se de forma mágica num personagem ideal mediante o recurso psicológico da identificação projetiva de massa.
Segundo o enfoque psicanalítico kleiniano, seria uma identificação projetiva de massa num objeto interno (internalizado) e idealizado, isto é uma construção narcisista. O símbolo se confunde com o simbolizado.
Relacionando o drogadicto com a "Síndrome de Popeye", vive de forma parcial e total a ilusão de pelo consumo da droga que para o Popeye era o espinafre, representa de forma concreta a onipotência e lhe permite viver uma ilusão transitória de ser o outro que de fraco e medroso torna-se poderoso e corajoso.
Daí passa a ter a vivência de "de quando o desejar" junto com a crença mágica de que esta falácia [fala enganadora] é dominadora, sendo reversível quando assim o desejar. Em outras palavras o adicto tenta viver de forma narcisista uma ilusão, interpretando concretamente aquele refrão que diz "de fantasia também se vive".
O usuário de droga não reconhece o adicto que ele representa isto é o escravo da droga que com a ilusão infantil de chegar a um Popeye, que se tornava poderoso ao consumir o espinafre e lamentavelmente não imagina que vai se tornar de forma crescente um ser deteriorado, em última análise um impotente físico, sexual psicológico e social.
A drogadição como "Síndrome de Popeye" é o contrario da liberdade, pois que significa submeter-se a uma trágica escravidão e que de certa forma traça um futuro de grandes desilusões.
Mas, pelo fato de a cocaína bloquear em níveis pré sinápticos, a recaptura das catecolaminas (dopamina e noradrenalina) e recentemente, a isso se acrescentou que o mesmo ocorre com a serotonina, ela possibilita a oferta de um excesso de neurotransmissores no espaço inter-sináptico à disposição dos receptores pós sinápticos, fato biológico cuja correlação psicológica é de uma sensação de grandeza, euforia, prazer, aumento da libido surgindo daí a "Síndrome de Popeye", numa analogia dessa droga com o espinafre do marujo das histórias em quadrinhos.
Outros autores em lugar de Popeye analisam a figura de Asterix um personagem mais contemporâneo ao Popeye.
"A Síndrome de Asterix"
A primeira versão da célebre história em quadrinhos criada com textos de Goscinny e o genial traço de Uderzo, se tornou no final dos anos 90 um dos maiores sucessos da história do cinema francês.
Enquanto que para Popeye a força vinha do espinafre, para Asterix como fonte de energia vinha de uma poção mágica preparada pelo druida Panoramix.
Asterix, o herói destas aventuras, é um pequeno guerreiro, com espírito astuto e inteligência viva.
As missões perigosas lhe são confiadas com a certeza de sucesso. Recebe sua força sobre-humana da poção mágica, assim como muitos adictos que necessitam e usam a droga para tirarem proveito de suas capacidades".
Outro herói Obelix um glutão voraz, que só se alimenta de javalis, e não se considera gordo, é carinhoso, e aparece como "o inseparável" amigo de Asterix,
Asterix por sua vez auto se impõe carregar coisas inúteis, como enormes pedras em ultima análise faz um esforço carregando coisas desnecessárias, porém, não necessita beber poção mágica, porque quando era criança caiu numa vasilha cheia da mesma.
Aspectos relacionados entrem a comparação da historia e a dos adictos podemos encontrar quando os autores dizem: "Obelix está sempre disposto a abandonar tudo para seguir a Asterix em uma nova aventura", o que deduzimos como: "Um drogadicto como bom amigo de outro drogadicto está sempre disposto a abandonar a si mesmo, seus projetos pessoais, sacrificar seu desenvolvimento pessoal para acompanhar o "amigo".
O fornecedor da droga sempre é importante neste quadro da drogadição seja o "traficante (pusher)", ou o "intermediário (conecte)", assim como os próprios companheiros de grupo.
Panoramix é o venerável druida, bruxo, curandeiro, e sábio da aldeia. Recolhe ervas e prepara poções mágicas. Seu maior trunfo é a poção que dá força sobre humana ao consumidor sendo também detentor de muitas receitas secretas.
O chefe da aldeia é Abracurcix, que aparece sempre em cena sustentado por dois gauleses que transpiram muito num escudo onde fica amparado de forma majestosa e arrogante, não teme nada a não ser o céu que possa cair sobre a sua cabeça, porém diz "isso não vai acontecer amanhã".
Qualquer semelhança é mera coincidência, se raciocinarmos que este chefe bem que poderia ser um adicto em reabilitação, apoiado por seu grupo de autoajuda (não necessariamente gauleses) que parafraseando a história "o adicto em recuperação teme o fato, de que bebendo ou se drogando afetará seu cérebro, porém se desculpa dizendo, "só vou usar hoje porque amanhã tal fato não acontecerá mais".
Por último, nesta seqüência de idéias está o bardo Asuranceturix, que segundo o Petit Larousse, bardo era um poeta dos antigos celtas, que para o nosso exemplo de paralelismo seria um co-dependente que quando está sóbrio é um bom companheiro e todos o apreciam.
Este personagem representa a pessoa que tem que se anular para os outros se tornarem importantes, um homem bom com instinto romântico de poeta, que no final das historietas, acaba excluído de todas as reuniões, enquanto que os outros o festejam fica amordaçado.
Em resumo: Obélix e Asterix são os dois melhores amigos do mundo! Mais se a sua força os une para a luta contra os romanos, suas características psicológicas se opõem radicalmente.
Nos combates é que Obélix procura um druida para vir ajudar Panoramix, que entrou em surto, e sai em procura do divã de Amnésix, um druida psicanalista.
Nas duas relações de ficção e de fato os leitores poderão entender com funciona o intrincado mecanismo das drogas para tornar um ser humano em drogadicto com o falso conceito de que a droga que dará poderes sobrenaturais.
A Família
O adicto é em tese o enunciado do sintoma de uma disfunção familiar mascarada pelas funestas conseqüências da adicção
Mães sem vocação para a maternidade que admitem os filhos como fardos de sua vida que lhe tiraram o sossego e a liberdade, e pais ausentes de casa que acham que a sua única missão é trazer dinheiro para casa são dois ótimos vetores para criarem um adicto.
O adicto obriga a família a realizar um controle permanente sobre ele provocando-lhe uma alteração na organização familiar no qual a família passa a postergar outros problemas preexistentes.
O pai do adicto não consegue diante do impacto manter a serenidade e a autoridade, emergindo a imagem do pai modelado numa figura frágil e carente, enquanto que a sua mãe em contrapartida passa a ser a lutadora, pois que despertam nela traços latentes da mãe que tem o seu "filhote ferido" e enfrenta qualquer perigo, o que ocorre nas selvas quando a fêmea para preservar a sua cria dos predadores enfrentando com galhardia até a morte a sua integridade não ocorrendo o mesmo com o macho que se omite.
Neste instante a família começa a se esfacelar com duas possibilidades ou vive junto porem sem a união que apresenta uma relação de cumplicidade com a ruptura total do casal com vínculo pobre e restrito vivendo como dois estranhos habitando no mesmo espaço, ou o casal se integra baseado no respeito à individualidade de cada um, limitam-se ao viver de forma familiar vegetativa com a constante ameaça de separação.
Os pais que são bem sucedidos em suas profissões, porém os seus filhos sabem que o seu êxito é de caráter duvidoso e suas ações suspeitas de que são o sucesso vem através da prática de delitos. Quando tais os pais não são bem estruturados e alardeiam para os seus filhos falsos conceitos de lei interagindo o desafio e a transgressão cria-se uma estrutura cheia de lacunas estimulando assim ao pré-aditivo que atue através de práticas marginais entre as quais encontra-se o uso de drogas, porque se abre uma brecha de identificação entre o pai idealizado como um modelo de virtudes e mantenedor da lei e do pai permissivo que é um espelho de estímulo à contravenção.
Vamos analisar a figura materna que não consegue cumprir sua função básica de maternidade desviando os seus padrões da função feminina que se expõe a situações de confronto a tudo o que é considerado feminino, baseado em modelo que a própria mãe lhe transmitiu.
A mãe ao distorcer a sua função, desperta nos filhos a sensação de que falharam no seu papel de mães e os filhos se sentem abandonados, e se vinculam ao pai, tentando através desta parceria alcançar uma ligação emocional de sobrevivência.
Dessa forma as dificuldades de relação com a figura materna provocam rupturas profundas no desenvolvimento de sua estrutura psíquica, pois que o ataque aberto à figura da mãe internalizada aumentaria a culpa, gerando em conseqüência angustias paranóides, caracterizadas pelo aparecimento de ambições e de suspeitas que se acentuam, evoluindo para delírios persecutórios e de grandeza estruturados sem bases lógicas.
Ora a atenuação de tal quadro complexo pode encaminhar os pré-adictos para a droga, que triunfa através dos esquemas destrutivos, auto-agressivos contra a representação parental internalizadas, que em razão disso usam a droga como elemento de autopunição que acaba culminando com a adicção.
O uso indiscriminado de medicamentos, do fumo, do álcool e de comidas de forma compulsiva, o consumismo, a fuga no trabalho (ergomania) ou outros atos com a finalidade de abrandar a angustia vai construindo modelos onde o controle dos impulsos não existe; em contrapartida usam a ação tóxica para mascará-la, degenerando assim a personalidade e preparando o pré-aditivo que ao aliar-se com a droga passa a categoria de adicto.
O adicto normalmente requer muitas atenções do grupo familiar buscando gratificações imediatas porque não aprendeu a controlar os seus impulsos na constelação familiar por não ter tido a prática de uma educação sadia do lar usando modelos coerentes de reflexão.
Crianças extremamente mimadas ou rejeitadas são fortes candidatas a adicção por estas características, Freud mostrou que crianças mimadas são fortes candidatas a fixações orais. Na dinâmica da adicção tal fixação aparece, e dai fundamentou a clássica descrição da existência na personalidade do adicto de ego fraco e incapaz de tolerar frustrações.
A droga pela sua ação química mascara o medo e dá um falso suporte para sustentar o fracasso ou a frustração.
Personalidade
Os drogadictos em regra geral são personalidades dominadas por angustias e temores, cuja qualidade e intensidade os convertem como portadores de sentimentos insuportáveis para o seu ego, a insegurança em si mesmo, a baixa estima e a desorganização de seus valores no seu ser, estar e agir criam uma enorme insegurança, e o medo de ser destruído cria uma forma paranóica violenta que domina este tipo de personalidade, daí a estrutura volúvel do adicto que possui uma resistência psicológica muito fraca.
A etapa pré-aditiva
É caracterizado por ser um período pela qual o futuro adicto tem oportunidade de pressentir e em muitas ocasiões sentir o alto grau da inconsistência de sua identidade.
Esta etapa é repleta de angustias e desolações que o invadem ao enfrentar-se com problemas devido a sua frágil identidade e em conseqüência começa a procurar as formas possíveis de fuga em razão desse decepcionante encontro consigo mesmo.
A realidade vulgarmente chamada experiência de vida passa a constituir para ele um âmbito de vivências penosas e de inseguranças desesperadoras.
Em razão da sua insegurança o pré-adicto descobre que embora a vida possa lhe oferecer alguma gratificação a intensidade do desconforto das angústias e ansiedades e a sua capacidade de tolerar o déficit crônico de auto-estima, é tão grande que vale a pena envolver-se no famigerado vício das drogas e assim descobrem "o caminho": da drogadição, opção incoerente, mas que em última análise significa "ir até a morte para escapar da morte".
As Ilusões da Droga
Não existe uma estrutura definida de personalidade que conduza a adicção desde que o próprio conceito de personalidade é complexo:
Existem centenas de definições. De forma geral podemos dizer que é um conjunto de padrões de comportamentos tais como pensamentos, sentimentos e crenças características de um indivíduo.
De forma ilustrativa pode ser comparada como se fosse a "impressão digital da mente" de uma pessoa, daí não encontrarmos duas pessoas com personalidades idênticas mesmo entre os irmãos gêmeos univitelinos.
Vamos esperar a clonagem do ser humano para sabermos se existirão duas personalidades idênticas a do clone e a do clonado
A psicodinâmica só se explica tendo em conta à constelação psíquica que apresenta em cada caso, cada pessoa e cada situação particular.
Com generalizações se traça um perfil errôneo descritivo do adicto.
As teorias são como um mapa, que sem o mesmo não sabemos para onde vamos e nem onde estamos, porém o mapa é um referencial genérico.
O que é importante é antes de efetuar tratamentos ou fazer uma avaliação da conduta, é necessário saber-se a estrutura da personalidade e situação geral dos pontos instáveis, mal estruturados.
Qualquer pessoa pode deteriorar-se numa tentativa mal elaborada de regulação e controle de seus conflitos interno mediante adicções.
O adicto é em suma portador de sintoma de disfunção familiar que fica mascarada em razão das conseqüências da adicção. Sob o efeito a sensação de fragilidade é disfarçada por um sentimento de poder (Síndrome de Popeye e de Asterix).
É a ilusão de haver vencido o fracasso inexistente que por suas características, constitui um "triunfo maníaco".
A angustia cede seu lugar a um "clima de paz" sentido às vezes como paradisíaco. Tudo adquire uma serena relevância: sons, cores, gestos, paisagens. O tempo para nem a própria morte no horizonte excepcional destas vivências, daí o drogadicto enfrentar os mais no êxtase da gratificação plena e aparentemente não existe pelo pseudopoder sobrenatural que adquire, não evitando sérios riscos (praticar arrojados assaltos, seqüestros, enfrentar polícia, etc.), atitudes que em estado normal jamais seria capaz de praticar.
A droga funciona como objeto externo a serviço de um "equilíbrio" que intenta restabelecer a homeóstase [tendência à estabilidade do meio interno do organismo] para que possa lidar com a ansiedade e a angústia
A fantasia onipotente que se busca através da droga tende a transformar as pessoas do sexo feminino em "Mulher Maravilha", e os do sexo masculino em Super-Homem.
Autor
Dr. Roque Theophilo ibsabp@uol.com.br
Psicoterapeuta, Sociólogo, Pesquisador e Professor Universitário.
Texto publicado na pagina www.sociologia.or.br/tex/drogadi.htm#roque#roque
Visite www.psicologia.org.br
Bibliografia
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