Prevenção: dicas para os pais manterem seus filhos longe das drogas.
- O abuso de drogas é um problema prevenível e a adicção é uma doença tratável.
Acreditar que somente as autoridades têm o poder ou obrigação de proteger nossa família poderá colocar nossos filhos em risco.
Somente assumindo nossa posição de pais poderemos diminuir o acesso às drogas.
Os filhos que ouvem os pais falarem sobre os riscos das drogas, embora não estejam totalmente imunes, estarão muito mais seguros do que filhos que não vêem (ou não sentem) os pais se preocupando.
Você não perceberá os caminhos que seu filho está trilhando se não estiver próximo dele.
Participe e permaneça envolvido com a vida dos filhos, desde a infância até a idade adulta. Dê atenção ao cotidiano dele. Se você nunca se interessou em saber sobre os amigos que ele tem... Essa é a hora de começar. Saiba sobre os amigos, quem são, onde moram, se praticam esportes, se são bons alunos...
Pode ser desconcertante para um pai que não cultivou o habito de participar da vida do filho... de repente mostrar interesse e começar a fazer perguntas, pode ser constrangedor para os dois.
Se este for o caso procure não "forçar a barra".
Comece a (re)construir a relação progressivamente... pergunte/conheça os tipos de lazer/diversão que o familiar gosta, tente programar um dia para acompanhar seu filho em horários de lazer. Quando o filho comentar sobre algo relacionado à escola procure demonstrar (real) interesse, saiba quem são os outros alunos e participe de eventos cotidianos como ajuda-lo em alguma matéria da escola.
Nós adultos e pais vivemos em um mundo onde o tempo é precioso (tempo é dinheiro), a maioria dos pais (eu também) trabalham acima de doze horas por dia e apesar de ter pouco tempo para dedicar à família eu sei que na maioria das vezes, tudo que um filho quer é que seus pais se reúnam a mesa para jantar ao lado dele. Esta é uma boa hora para estreitar as relações com os filhos.
Converse frequentemente.
Comece o diálogo enquanto seus filhos estão na flor da idade. Não precisa ser uma conversa forçada.
Uma notícia que vocês viram juntos na televisão pode ser um bom motivo para fazer analogias ao cotidiano da família, um filme ou um incidente como um atropelamento pode ser aplicado a realidade da comunidade onde vivemos e aos problemas que enfrentamos atualmente, inclusive os problemas do álcool e das drogas.
Monitore seus filhos.
Os filhos cujos pais os supervisionam de perto terão menor possibilidade de desenvolver um problema com drogas e se isso ocorrer os pais estarão prontos para corrigir a rota.
Saber "quem, o que, porque, onde, quando e como" das atividades de nossos filhos, trocar idéias com outros pais, e continuar desenvolvendo esta prática com os nossos filhos, estendendo a todos seus amigos é um longo caminho. Nunca é tarde para dar o primeiro passo!
Ser só amigo não é suficiente, seja o pai.
Nossos filhos já têm amigos, mas necessitam de pais amorosos, que se importem e se comportem (comportamento = exemplo) como pais.
Reforce consistentemente os limites para sua família, limites que devem ser respeitados mesmo quando os filhos estiverem em local onde você não possa estar presente, ou quando estiverem com famílias que têm regras diferentes.
Os filhos gostam de se sentirem confiáveis, e aceitarão que os limites preestabelecidos, quando explicados que visam seu bem estar, serão compreendidos e aceitos como parte de nosso amor.
A adicção é um problema de saúde.
Não acontece porque alguém é "uma má pessoa" ou por uma falha de caráter. A adicção é a doença prevenível número um que atinge adolescentes (segundo The American Academy of Pediatrics).
Não é sua falha ou falha do filho. O estigma e a vergonha devido à ignorância passada e estereótipos sobre o problema não deve ser aceito.
O problema da droga pode assolar uma família, atingindo pessoas que amamos.
O uso de drogas pode alterar o comportamento, tornar essas pessoas egoístas; elas podem nos roubar manipular e mentir para nós.
Porém o hábito de abusar de drogas ou álcool tem uma base fisiológica; o uso crônico, tanto do álcool como de outras drogas, causa uma progressiva mudança na química cerebral que, se compreendida e devidamente tratada pode ser revertida.
Há esperança, ajuda e tratamento disponível à qualquer família se alguém desenvolver um problema de abuso de substâncias.
Há modos objetivos para avaliar o problema, e muitos tratamentos novos.
Muitas pessoas recuperam a saúde e dão uma guinada em suas vidas, embora estas lutas anônimas não causem tanto alarde como as lutas públicas de Vera Fisher ou Diego Maradona, diariamente milhões de pessoas estão se recuperando.
Caso a adicção já tenha se instalado, as recaídas podem acontecer sem motivo aparente. Estimule o familiar a conhecer e praticar um "Plano de prevenção à recaída".
Esteja atento aos sinais de aviso mais frequêntes que antecedem as recaídas:
- As 11 fases e sinais de aviso da recaída:
- 1. Sinais (internos) de aviso de recaída.
- 2. Volta à negação
- 3. Impedimentos e comportamentos defensivo
- 4. Construindo a crise
- 5. Imobilização
- 6. Confusão e super-reação
- 7. Depressão
- 8. Perda de controle do comportamento.
- 9. Reconhecimento da perda de controle
- 10. Redução de opções
- 11. Volta ao uso do químico ou colapso físico e emocional.
Não espere: se prepare e conheça os sinais de advertência, começando a agir enquanto é cedo.
Se você suspeita que seu filho tem um problema com drogas ou álcool, provavelmente você tem razão e precisa aprender mais sobre o problema e como ajuda-lo: Intervenha cedo, encontre o tipo certo de ajuda e seja persistente.
Os sinais de advertência incluem mudanças súbitas de personalidade, hábitos e amigos, irritabilidade, variações de humor e o encontro de objetos suspeitos possivelmente usados para o consumo de drogas.
Primeiro determine o tipo de problema que a família está enfrentando.
Não aceite o mito de que a pessoa que amamos precisa chegar ao fundo do poço antes de buscar ou aceitar ajuda. Sem nossa ajuda, o hábito tende a progredir e pode, eventualmente ser fatal.
Embora a intervenção no início da adicção seja melhor, é possível adquirir ajuda em qualquer fase do hábito, e a taxa de sucesso com tratamento de qualidade é comparável à mesma taxa de sucesso de outras doenças como diabetes, asma, ou hipertensão.
Cuidado com conselhos de "entendidos", consulte um profissional.
A reabilitação não é alcançada com isolamento do familiar.
Apesar de não ser formado em medicina, nos últimos 17 anos eu convivo com adictos e suas famílias; conheço pais que no desespero agiram pela emoção, alguns chegaram a expulsar o familiar somente porque alguém sugeriu essa possibilidade, e hoje dariam tudo para poder mudar o passado.
Lembre-se: O abuso de drogas é uma doença progressiva, se não for detida pode ser fatal.
Cada dia perdido pode representar a diferença entre a vida e a morte; portanto, não corra o risco de carregar um peso na consciência somente porque algum "entendido" sugeriu algo que aumenta a exposição de um filho a droga.
Como pais não somos culpados pelo uso de drogas de nossos filhos, mas temos a obrigação de assumir o papel de pais responsáveis provendo o tratamento adequado para nosso familiar.
Como a droga altera a química cerebral, um usuário em estagio avançado pode não aceitar ajuda; nesse caso (após criteriosa avaliação dos prós e contras) é possível solicitar a interdição do familiar que está abusando de drogas. Converse com um advogado!
Na maior parte dos casos, o tratamento do dependente de drogas não requer internação.
Nos raros casos em que é necessária, ela deve ser decidida com base em critérios claros e definidos, estabelecidos por um especialista.
A internação de um dependente de drogas sem necessidade pode levar até mesmo a um aumento do consumo. O aumento de consumo após uma internação indevida pode se dar por diversas razões, como sentimentos de revolta de um dependente ainda não suficientemente convencido da necessidade de ajuda.
Quando internar?**
- Abuso de drogas compulsivo
- Desenvolvimento anormal das atividades educacionais e sociais e na esfera vocacional e legal
- Perigo iminente para a saúde mental ou física do paciente
- Conduta anti-social persistente
- Fracasso do tratamento ambulatorial
- Alterações psicopatológicas que requerem controle da conduta e/ou medicação
- Com contenção familiar e residência próxima, tratamento em Hospital-Dia. Sem estas condições, em Comunidade Terapêutica.
**Adaptado do Manual de Medicina de la Adolescencia – Silber, Munist, Maddaleno y cols.
Cada caso é único, avalie todas as possibilidades de tratamento:
Dependendo da personalidade, do estágio da doença, da freqüência de uso e do tipo de droga, alguns adictos podem se reabilitar em sua própria casa, com a supervisão de um profissional e o apoio daqueles que o amam.
Há muitos caminhos a seguir, além da internação (voluntária ou não) podemos considerar a terapia comportamental, aliada à terapia medicamentosa, combinada com grupos de apoio como N.A. e A.A. (Narcóticos Anônimos e Alcoólicos Anônimos).
Por experiência própria posso afirmar que a intervenção de uma equipe multidisciplinar combinada com um programa de 12 passos (A.A./N.A.) e o apoio familiar tem enorme possibilidade de reverter o quadro de abuso de drogas.
Co-dependência
O abuso de drogas é um problema contagiante, alguns familiares (principalmente os pais) tornam-se co-dependentes, tentam esconder o problema e com esta atitude tornam-se facilitadores do uso de drogas dos filhos.
Muitas vezes, além de tratar o dependente químico os pais precisam de orientação ou tratamento. Além de terapia comportamental, na maioria das cidades existem grupos de apoio para pais e familiares de dependentes.
Grupos como Nar-Anon, Alateen e Al-Anon além de confortar os pais ainda tem enorme vivência em co-dependencia, podendo compartilhar histórias reais de grande valor para pais e jovens.
Veja: Co-dependência
O hábito de abusar de drogas ou álcool é um problema hereditário, semelhante a doenças como câncer ou doenças do coração.
Crianças que têm um padrão familiar (pais ou outros parentes que já abusaram de álcool/drogas) correm maiores risco de desenvolverem a dependência de drogas ou álcool; nenhum uso recreativo poderá ficar sob controle, particularmente durante o período da adolescência.
As famílias com um histórico de alcoolismo ou abuso de drogas devem ficar mais atentas.
Veja: Alcoolismo paterno
Você não está sozinho.
O abuso de substâncias é comum entre adolescentes e a doença da adicção não discrimina classe ou posição social.
Hoje a maioria dos pais conhece alguma pessoa, vizinho ou da própria família que esteja usando álcool e outras drogas ou que esteja lutando para se livrar do habito de usar drogas.
Ao considerarmos todas drogas, ilícitas e licitas (inclusive tabaco, álcool, medicamentos, etc) certamente podemos concluir que:
Um em cada quatro adolescentes usa regularmente algum tipo de droga ou está convivendo com uma pessoa que usa ou abusa de álcool e outras drogas.
Mais do que qualquer coisa, nossas famílias precisam acreditar que a recuperação é possível, além de encorajamento, informação e apoio profissional para superar este problema.
Autor:
Daniel daSilva
fonte: http://www.adrogacadasia.org
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