Mamãe Irene e papai Jânio,
Sou eu pai que comparece a esta sessão de preces, amparado por benfeitores amigos, que tudo fazem para que eu possa oferecer-lhes algumas linhas com o objetivo de amenizar as nossas saudades. Ao mesmo tempo agradecer-lhes por tudo.
Devo-lhes tudo meus pais, desde a concepção, aos cuidados paternais e amparo para com este filho que trouxe no corpo o material proporcional a minha necessária expiação na Terra, tendo em vista o progresso que estava reservado para mim na Vida Maior.
Sei o quanto tem sofrido meu pai, sei o quanto o senhor lamenta a minha ausência física, que desejaria ter-me ao seu lado no corpo enfermo, inda que isto lhe fosse o obstáculo maior às tarefas cotidianas atenuadas pelo carinho e atenção.
E nossa querida Vanessa, a irmã querida e dedicada que ao lado dos senhores me ensinou as lições mais belas da vida. Destas lições que não se aprende nos bancos escolares. A lição da renúncia, do amor e da dedicação sem limites. Como lhes sou agradecido.
Deixei o corpo pai como uma ave que reaprendeu a voar não fique triste por mim.
O Padre Justiniano Presente ao meu lado, autor do livro Uma Vitória de Jesus, pede recorda-lo da afirmação do Mestre "A sementeira é livre, mas a colheita obrigatória".
Quem na Terra seria capaz de sinceramente ter a noção exata dos seus equívocos do passado?
De nada lamento. Pois reconheço em Deus o Pai de todos nós, pai amoroso e justo que me concedeu o lar seguro e afetuoso onde eu haveria de expiar as sombras de um passado delituoso. Não me refiro a uma ou duas existências anteriores, mas existências seculares, mas cujo sentimento de remorso devido à minha insanidade cometi atos inenarráveis contra a vida dos meus semelhantes. O Padre Justiniano pede-me novamente lembra-los da palavra de Jesus a Pedro tão logo ele decepou a orelha do centurião romano, segundo as narrativas evangélicas: "Pedro embainha a tua espada, pois aquele que vive pela espada, perece pela espada".
Somente assim poderemos compreender Deus e sua justiça. Deus é amor na expressão do apóstolo João: "O que nos está destinado é apenas conseqüência de nossos atos anteriores".
Mamãe Irene agradeço a sua renúncia e a paciência para comigo, afinal uma cadeira de rodas só não me constituiu em maior empecilho, graças ao seu amor e ternura, e agradeço ao meu pai ter me encorajado sempre.
A vovó Tereza envia o seu abraço a todos, e o seu filho precisa encerrar desejoso que esta carta que lhes entrego com tanto esforço, possa trazer a todos alento e estímulo para que prossigam adiante.
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